quinta-feira, 4 de abril de 2013


I.2 Trabalho de Projeto


Reflexão sobre Questionário aplicado aquando do Diagnóstico de Situação do Projeto de Intervenção em Serviço (PIS)

 

O módulo Trabalho de Projeto foi lecionado pela Professora Doutora Alice Ruivo.

De acordo com os aportes apresentados em aula, um Projeto não é somente uma formulação, mas uma conceção da educação. É uma proposta de trabalho com ponto de partida na pesquisa. A partilha de resultados dessa pesquisa ajuda-nos a crescer, a todos, pois permite-nos que nos situemos, nos recriemos e avancemos com segurança. (LEITE, 2001)

Etimologicamente, o termo projecto deriva do latim: project-are, que significa lançar para a frente, atirar, e terá surgido pela primeira vez no século XV. Deste modo, projectar significa investigar um determinado problema ou situação com o objetivo de conhecer e apresentar as interpretações dessa realidade1.

A metodologia de projeto constitui uma ponte entre a teoria e a prática, dado que o conhecimento teórico funciona como suporte à prática. A metodologia de projeto tem como objetivo fundamental a resolução de problemas, sendo que, a sua execução permite a aquisição de capacidades e competências. Uma metodologia de projeto coerente deve apresentar algumas características fundamentais: atividade intencional, iniciativa e autonomia, autenticidade, complexidade e incerteza, prolongado e faseado. (NUNES, 7ºCLE, et al, 2010)

A metodologia de projeto compreende cinco etapas (GUERRA, 1994):

1 – Diagnóstico de situação 
2 – Planeamento
3 – Execução
4 – Avaliação
5 – Divulgação
 

De seguida, explanaremos sobre a primeira fase da metodologia de projeto e a experiência pessoal/ profissional que tivemos aquando do desenvolvimento desta etapa num projeto.

A primeira etapa de um projeto é o diagnóstico de situação. Nesta etapa é elaborado um mapa cognitivo e descritivo sobre a situação-problema à qual se pretende dar resposta. Na construção de um projeto na área dos cuidados de saúde, na consecução do diagnóstico de situação devemos ter em atenção às necessidades da população em estudo, perspetivando estratégias e ações por forma a concentrar e fomentar o trabalho de equipa entre os profissionais de saúde e/ou equipa multidisciplinar. O intuito é promover a capacidade, autonomia e motivação da população-alvo no projeto, para garantir o seu envolvimento no projeto. Para que auspicie sucesso num projeto, este deve ser capaz de proporcionar benefícios num longo período de tempo e no seio da equipa de enfermagem e/ ou equipa multidisciplinar. Um diagnóstico de situação carateriza-se como dinâmico, contínuo, permanente, com atualizações constantes, aprofundado, alargado, claro e sucinto. Inicialmente, identificam-se problemas (quantitativamente ou qualitativamente) e, posteriormente, estabelecem-se prioridades, identificando causas prováveis, recursos e grupos intervenientes. (NUNES, 7ºCLE, et al, 2010)

            Para identificar e validar problemas aquando da elaboração do diagnóstico de situação, dispomos de vários métodos: a entrevista, o questionário e métodos de análise da situação (análise SWOT- strengths, weaknesses, opportunities and threats, em português: forças, fraquezas, oportunidades, ameaças - ; cadeia de valores; FMEA – failure mode and effects analysis, em português: Metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falhas - ; Stream Analysis).

Durante o Estágio I e II (inserido no plano de estudos do 2º semestre do 2º Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica), a decorrer numa Unidade de Cuidados Intermédios (UCINT), foi solicitado à estudante a elaboração de um Projeto de Intervenção em Serviço (PIS) ou Projeto de Desenvolvimento Académico (PDA). Decidiu-se a primeira hipótese: PIS.

No decorrer dos referidos estágios, identificou-se a necessidade de uma norma de procedimento sobre o transporte de doente crítico (no caso específico da UCINT, uma norma de procedimento de transporte direcionada à pessoa com patologia cardíaca), com clara sistematização e uniformização dos cuidados de enfermagem à pessoa em situação crítica antes e durante o transporte inter-hospitalar. A Enfermeira Responsável do serviço considerou este projeto “necessário e essencial”. Sabendo que o projeto é fundamental ao serviço, faltava apenas garantir o envolvimento da equipa de enfermagem. Como tal, optou-se por elaborar e aplicar um questionário à equipa de enfermagem, com o objetivo de validar esta necessidade no seio da equipa e promover o seu envolvimento. Este questionário teve também o objetivo de validar as necessidades de formação na prestação de cuidados de urgência e emergência à pessoa em estado crítico.

Na elaboração deste questionário, foram tidos em conta vários fatores, tais como a autorização para a sua aplicação e garantia da privacidade dos questionados.

Na folha de rosto do questionário, procedeu-se à apresentação do investigador/ percursor do projeto bem como apresentação do tema do projeto e dos seus objetivos (questionário e projeto). As instruções para o preenchimento do questionário foram apresentadas em cada parte do questionário, imediatamente antes das questões. Optou-se por uma mancha gráfica simples e em formato de tabela (na parte II). Colocou-se em local do conhecimento de todos os elementos da amostra, um envelope devidamente identificado com os dados do investigador e do projeto, onde os questionários deviam ser introduzidos, depois de respondidos.   

A conceção de um questionário exige alguns padrões de atuação tanto na construção das questões e na apresentação do questionário em si. Como tal, foram tomados alguns cuidados na elaboração do questionário. Adequou-se o número de perguntas ao razoável (nem demais, nem de menos: parte I – 4 perguntas, parte II – 13 perguntas); elaboraram-se perguntas fechadas (na sua maioria, dicotómicas), compreensíveis, não ambíguas; abrangeram-se somente pontos de interesse para o projeto e de relevância relativamente à experiência do inquirido. (CARMO & FERREIRA, 1998)

Uma vez que o tempo disponível para elaboração e aplicação do mesmo era diminuto, elegeu-se um questionário do tipo fechado. Composto por questões objetivas, delimitadas no tempo e com resultados possíveis de tratar quantitativamente e analisar estatisticamente.

Na primeira versão do questionário, utilizou-se a escala de Likert. A escala de Likert consiste numa escala psicométrica, em que a pessoa pode responder à questão através de uma escala gradual de pontos ou de intervalos de acordo com a posição que tem em relação à situação. Tomemos o exemplo de uma das perguntas elaboradas na primeira versão do questionário: «Considera importante a existência de uma Norma de Procedimento sobre o Transporte Inter-hospitalar do Doente Crítico, na sua instituição hospitalar?» Seguidamente, seriam apresentadas as respostas possíveis, de acordo com uma escala ordinal de 5 pontos, em que aos pontos correspondem os graus de atribuição de importância (1- nada importante, 2 – pouco importante, 3 - importante, 4 – bastante importante, 5 – muito importante). Tendo em conta que as instruções para responder ao questionário foram apresentadas na introdução do mesmo, não houve dúvidas nas respostas. Todavia, após aplicação de pré-teste para garantir a sua aplicabilidade no terreno e avaliar se estava de acordo com os objetivos inicialmente formulados, verificou-se que a utilização desta escala era escusada do ponto de vista da averiguação da viabilidade/ necessidade do PIS e da reação que provocou aos inquiridos, por provocar aborrecimento. Percebeu-se, assim, que para validar a pertinência/ importância do PIS e envolver a equipa de enfermagem no projeto, o mais importante era, sem dúvida, deslindar se os inquiridos consideram importante ou não, nas questões de importância do PIS, e sim ou não, nas questões de validação de formação na área de atuação do projeto.

Posto isto, desenvolveu-se a segunda versão do questionário, desta vez com questões dicotómicas. Para dar conhecer as necessidades de formação da equipa de enfermagem, para além de questionarmos se os inquiridos têm formação na área, perguntámos há quanto tempo concluíram essa formação.

O questionário (final) ficou assim composto por duas partes. A primeira parte contém questões que visam aferir dados socioprofissionais da amostra inquirida. A segunda parte detém questões que pretendem conhecer se os inquiridos consideram o(s) tema(s) pertinentes e validar as necessidades de formação

Após apresentação do questionário ao Conselho de Administração desta Unidade Hospitalar e de o mesmo ter sido aprovado, com o compromisso dos investigadores de que as questões éticas e deontológicas seriam tidas em consideração ao longo de todo o processo, o questionário foi aplicado.

Obtivemos 100 % de respostas nos questionários. O objetivo para o qual o questionário foi elaborado foi concluído, pois conseguiu-se validar a pertinência do projeto, conhecer as necessidades de formação e envolver a equipa de enfermagem no projeto.

Seguidamente, apresentamos o questionário que foi colocado à equipa de enfermagem da UCINT da Unidade Hospitalar, onde nos encontramos a desenvolver o Projeto de Intervenção em Serviço.

 
 


 



 
 
 

Referências Bibliográficas e eletrónicas:

CARIA, Maria Helena – Métodos de pesquisa de informação: área disciplinar de investigação e estatística. 2ª edição. Escola Superior de Saúde de Setúbal: [s.n.], Novembro de 2005. ISBN: 972-8431-24-4.

CARMO, H.; FERREIRA, M. M. – Metodologia da investigação: guia para a auto-aprendizagem – Lisboa: Universidade Aberta, 1998.

CARVALHO, Adalberto Dias, et al – A construção de um Projeto Escola. Porto: Porto Editora, 1993. ISBN 972-0-34203-X.

DADDS, Marion, HART, Susan, et al - Doing practitioner research differently. London: Edition Falmer, 2001.

DENZIN, Norman K. & LINCOLN, Yvonna S., et al  - Handbook of qualitative research. 2nd edition.  Thousand Oaks, Ca.: Sage, 2000.

GUERRA, Isabel – Introdução à Metodologia de Projecto. Lisboa. 1994.

LEITE, Elvira; MALPIQUE, Manuela; SANTOS, Milice; MAGALHÃES, A.; NOGUEIRA, Luísa – Trabalho de Projeto, Aprender por projetos centrados em problemas – vol. 1; Porto: Afrontamento, 2001.

LESSARD-HÉBERT, Michelle; GOYETTE, Gabriel; BOUTIN, Gérald - Investigação Qualitativa - Fundamentos e práticas. Lisboa: Instituto Piaget, 1994. ISBN: 972-9295-75-1.

NUNES, L.; Alunos 7º CLE; RUIVO, A.; FERRITO, C – Metodologia de Projeto: coletânea descritiva – II. Diagnóstico de SituaçãoRevista Percursos N.º15; Setúbal, 2010, p.10-17.

RIBEIRO, José Luís Pais - Investigação e avaliação em psicologia e saúde. Lisboa: Climepsi Editores, 1999. ISBN 972-8449-44-5

ROBSON, Colin - Real World Research.  Blackwell Publishers. 2002.

STREUBERT, Helen; CARPENTER, Dona - Investigação Qualitativa em Enfermagem. Lisboa: Lusociência, 2002. ISBN 972-8383-29-0.

1 – Avaliable from world wide web:  http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=projeto

 



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