A realidade que hoje em dia vivemos, exige cada vez mais dos
profissionais de saúde. Para além das competências no campo da teoria clínica e
da técnica, deparamo-nos com a responsabilidade deontológica, ética e social em
desenvolver as capacidades de reflexão, de análise crítica e investir constantemente
na aquisição de novos conhecimentos, pois estes são fundamentais para a
elaboração de soluções mais criativas, personalizadas e efetivas junto da
pessoa/ cliente. Deste modo, pensar criticamente e refletir sobre o nosso
trabalho, abre janelas para novas perspetivas sobre o mundo, promove
autoconfiança, encoraja o estudante para toda a vida e é uma das atividades mais
significativas da vida de um profissional.
Todos temos ciente que para ser Enfermeiro Especialista em X
(seja qual for a área de especialidade), não basta frequentar um curso de
Pós-licenciatura em enfermagem ou um Mestrado em Enfermagem, ainda que reconhecido
pela Ordem dos Enfermeiros. É certo que, é através destas formações avançadas
que percecionamos e interiorizamos quais as competências inerentes em cada área
de atuação.
No 2.º Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, foram,
claramente, apresentadas as Competências Comuns dos Enfermeiros Especialistas e
as Competências Especificas da área de atuação à qual nos propomos dedicar. Mas
não chega. Não se tem um diploma na mão e «olha, já sou Enfermeiro
Especialista!».
Segundo o Preâmbulo do Regulamento das Competências Comuns do
Enfermeiro Especialista (REGULAMENTO 122/2011, p.8648), “Especialista é o enfermeiro com um conhecimento aprofundado num
domínio específico da enfermagem, tendo em conta as respostas humanas aos
processos de vida e aos problemas de saúde, que demonstram níveis elevados de
julgamento clínico e tomada de decisão, traduzidos num conjunto de competências
especializadas relativas a um campo de intervenção. A definição das
competências do enfermeiro é coerente com os domínios considerados na definição
das competências do enfermeiro de cuidados gerais, isto é, o conjunto de
competências clínicas especializadas, decorre do aprofundamento dos domínios de
competências do enfermeiro de cuidados gerais. Seja qual for a área de
especialidade, todos os enfermeiros especialistas partilham de um grupo de
domínios, consideradas competências comuns – a atuação do enfermeiro
especialista inclui competências aplicáveis em ambientes de cuidados de saúde
primários, secundários e terciários, em todos os contextos de prestação de
cuidados de prestação de cuidados de saúde. Também envolve as dimensões da
educação dos clientes e dos pares, de orientação, aconselhamento, liderança e
inclui responsabilidade de descodificar, disseminar e levar a cabo investigação
relevante, que permita avançar e melhorar a prática da enfermagem.” Tal
como o disposto no artigo 4º do mesmo Regulamento (REGULAMENTO 122/2011, p.8649),
“são quatro os domínios de competências
comuns: responsabilidade profissional, ética e legal, melhoria contínua da
qualidade, gestão dos cuidados e desenvolvimento das aprendizagens
profissionais.” No seguimento deste regulamento, são explanadas as unidades
de competência bem como os critérios de avaliação para cada uma.
Ao elaborar este Portefólio não nos apercebemos imediatamente
dos contributos que pode trazer. Só quando chegamos ao fim é que confirmamos a
certeza de que, para além de um trabalho exaustivo e complexo, é também um
trabalho enriquecedor do ponto de vista do autoconhecimento e assertividade,
pois todas as reflexões e textos expostos fomentaram o crescimento profissional
e pessoal do estudante, bem como o desenvolvimento da assertividade. Todos os
documentos apresentados no âmbito deste Portefólio foram elaborados com base em
“praxis clínica especializada em sólidos
e válidos padrões de conhecimento” (REGULAMENTO 122/2011, p.8653), pois nos
processos de tomada de decisão e nas intervenções em padrões de conhecimento
(científico, ético, estético, pessoal e de contexto sociopolítico) válidos,
atuais e pertinentes, assumimo-nos como facilitadores nos processos de aprendizagem
e agentes ativos no campo da investigação.
Debrucemo-nos, então, pelas unidades de competência que
compõem as Competências do Domínio das Aprendizagens Profissionais.
D1.1 – Detém
uma elevada consciência de si enquanto pessoa e enfermeiro. Para avaliar unidade de competência,
tínhamos de desenvolver autoconhecimento facilitador de identificação de
fatores que pudessem interferir no relacionamento com a pessoa cliente ou a
equipa multidisciplinar. Deveríamos (saber) gerir as nossas idiossincrasias na
construção dos processos de ajuda, reconhecer os nossos próprios recursos e
limites pessoais e profissionais e tomar consciência inevitável da influência
pessoal na relação profissional, gerindo-a o melhor possível. REALIZADO NESTE
PORTEFÓLIO.
D1.2 – Gera
respostas, de elevada adaptabilidade individual e organizacional. Para elaborar este Portefólio, era
urgente o desenvolvimento da congruência entre a auto e a heteroavaliação. Ao
assumir o Estatuto de Trabalhador-Estudante, consentimos dedicar uma parte de
nós, e das nossas próprias famílias (já que as privamos da nossa companhia, em
troca de horas infindáveis de desenvolvimento de competências), ao objetivo de
concluir com êxito a formação avançada a que nos propusemos. Aprendemos com as
nossas próprias dificuldades a gerir sentimentos e emoções, a atuar eficazmente
sob pressão, a reconhecer e antecipar conflitos, respondendo de forma eficiente
e capaz de resolver esses mesmos conflitos. Este Portefólio foi, sem dúvida, um
projeto de aprendizagem em relação às questões da adaptabilidade individual e
organizacional.
D2.1 -
Responsabiliza-se por ser facilitador da aprendizagem, em contexto de trabalho,
na área da especialidade.
Esta unidade de competência refere-se à formação em contexto formal. Na elaboração
deste Portefólio, preocupámo-nos em dar resposta não só a questões individuais,
mas também, questões do grupo de trabalho profissional. Daí a realização de um Blog, para que o conhecimento compilado
e as reflexões pudessem ser partilhadas com todos. É certo que não concebemos
nem gerimos programas formativos formais, mas interessámo-nos em favorecer a
aprendizagem, destreza nas intervenções e o desenvolvimento de habilidades e
competências dos enfermeiros.
D2.2 –
Suporta a prática clínica na investigação e no conhecimento, na área da
especialidade. A escolha
dos temas de debate e reflexão neste Portefólio tiveram como objetivo
incorporar conhecimento no contexto da prática de cuidar, visando ganhos em
saúde para o cliente/ família. Pelo que foram identificadas necessidades de
investigação, por parte da estudante, as quais foram executadas. A pesquisa da
prática baseada na evidência permitiu-nos interpretar, organizar e divulgar
evidência que, por sua vez, contribuiu para o desenvolvimento da enfermagem na
área de especialidade à qual nos dedicamos: enfermagem médico-cirúrgica.
D2.3 – Provê
liderança na formulação e implementação de políticas, padrões e procedimentos
para a prática especializada no ambiente de trabalho. A aquisição de uma base sólida de
conhecimentos de enfermagem e outras disciplinas que contribuem para a prática
especializada, é algo ao qual temos dedicado grande parte do nosso estudo.
Conscientes de que estas bases sólidas não se absorvem somente nos livros,
predispusemo-nos à realização de estágio curricular numa unidade que nos
pareceu ser a mais adequada, no que concerne à aliança entre a teoria e a praxis, para o desenvolvimento de
competências específicas da área de especialidade (enfermagem
médico-cirúrgica). Posteriormente, procuramos demonstrar (também através deste
Portefólio) conhecimentos especializados, seguros e competentes, que aprendemos
a aplicar na prática. Assim, consideramos que rentabilizámos as oportunidades
de aprendizagem e tomámos iniciativa na análise de situações clínicas,
utilizando tecnologias de informação de e métodos de pesquisa adequados na
produção deste trabalho académico.
É por tudo isto, que consideramos que este Portefólio ajudou-nos
a consolidar (pelo menos) uma das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista
prevista no Regulamento 122/2011: Competências do Domínio das Aprendizagens
Profissionais.
Ainda assim, confirmámos a nossa convicção de que enquanto
jovens enfermeiros e futuros enfermeiros com a especialidade em
médico-cirúrgica, temos um longo caminho a percorrer. Todas as vivências que
tivermos, contribuirão para o nosso crescimento enquanto profissionais. Neste
caso, enquanto Enfermeiros Especialistas.
Tal como Benner (546546546) afirmou, sempre que mudamos de
contexto, voltamos à posição de inciado.
Ainda que, no serviço onde estávamos no dia antes, fossemos peritos. A nosso ver, é aqui que reside
a magia da enfermagem: evolução constante, não só na disciplina, como nos
profissionais que a integram.
Posto isto, consideramos que a elaboração deste Portefólio
foi uma mais-valia no nosso percurso académico para a aquisição de
competências. O timing para a sua
execução pode não ter sido o mais adequado (lembro que todos os elementos da
turma do 2º Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, são Trabalhadores e
Estudantes), contudo a sua pertinência é irrevogável.
Esperamos que seja tão agradável navegar por este Blog quanto
foi criá-lo.
Muito
obrigado!
Cordialmente,
JC
Referências
Bibliográficas:
BENNER,
Patrícia - De Iniciado a Perito. Coimbra: Quarteto Editora, 2001.
ISBN972-8535-97-x.
ORDEM DOS
ENFERMEIROS – Regulamento das
Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Pessoa em Situação
Crónica e Paliativa - Aprovado por unanimidade da Assembleia Geral
Extraordinária da OE, a 22 de outubro de 2011.
REGULAMENTO
N.º 122/2011 – Regulamento das
Competências Comuns do Enfermeiro Especialista – D. R. 2ª série. N.º35 (18
de Fevereiro de 2011), p. 8648-8653.
REGULAMENTO
N.º 124/2011 - Regulamento das
Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem em Pessoa em
Situação Crítica – D.R. 2ª série, N.º 35 (18 de Fevereiro de 2011), p.
8656-8657.
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