sábado, 6 de abril de 2013

III. NOTA CONCLUSIVA

 

A realidade que hoje em dia vivemos, exige cada vez mais dos profissionais de saúde. Para além das competências no campo da teoria clínica e da técnica, deparamo-nos com a responsabilidade deontológica, ética e social em desenvolver as capacidades de reflexão, de análise crítica e investir constantemente na aquisição de novos conhecimentos, pois estes são fundamentais para a elaboração de soluções mais criativas, personalizadas e efetivas junto da pessoa/ cliente. Deste modo, pensar criticamente e refletir sobre o nosso trabalho, abre janelas para novas perspetivas sobre o mundo, promove autoconfiança, encoraja o estudante para toda a vida e é uma das atividades mais significativas da vida de um profissional.

Todos temos ciente que para ser Enfermeiro Especialista em X (seja qual for a área de especialidade), não basta frequentar um curso de Pós-licenciatura em enfermagem ou um Mestrado em Enfermagem, ainda que reconhecido pela Ordem dos Enfermeiros. É certo que, é através destas formações avançadas que percecionamos e interiorizamos quais as competências inerentes em cada área de atuação.

No 2.º Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, foram, claramente, apresentadas as Competências Comuns dos Enfermeiros Especialistas e as Competências Especificas da área de atuação à qual nos propomos dedicar. Mas não chega. Não se tem um diploma na mão e «olha, já sou Enfermeiro Especialista!».

Segundo o Preâmbulo do Regulamento das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista (REGULAMENTO 122/2011, p.8648), “Especialista é o enfermeiro com um conhecimento aprofundado num domínio específico da enfermagem, tendo em conta as respostas humanas aos processos de vida e aos problemas de saúde, que demonstram níveis elevados de julgamento clínico e tomada de decisão, traduzidos num conjunto de competências especializadas relativas a um campo de intervenção. A definição das competências do enfermeiro é coerente com os domínios considerados na definição das competências do enfermeiro de cuidados gerais, isto é, o conjunto de competências clínicas especializadas, decorre do aprofundamento dos domínios de competências do enfermeiro de cuidados gerais. Seja qual for a área de especialidade, todos os enfermeiros especialistas partilham de um grupo de domínios, consideradas competências comuns – a atuação do enfermeiro especialista inclui competências aplicáveis em ambientes de cuidados de saúde primários, secundários e terciários, em todos os contextos de prestação de cuidados de prestação de cuidados de saúde. Também envolve as dimensões da educação dos clientes e dos pares, de orientação, aconselhamento, liderança e inclui responsabilidade de descodificar, disseminar e levar a cabo investigação relevante, que permita avançar e melhorar a prática da enfermagem.” Tal como o disposto no artigo 4º do mesmo Regulamento (REGULAMENTO 122/2011, p.8649), “são quatro os domínios de competências comuns: responsabilidade profissional, ética e legal, melhoria contínua da qualidade, gestão dos cuidados e desenvolvimento das aprendizagens profissionais.” No seguimento deste regulamento, são explanadas as unidades de competência bem como os critérios de avaliação para cada uma.

Ao elaborar este Portefólio não nos apercebemos imediatamente dos contributos que pode trazer. Só quando chegamos ao fim é que confirmamos a certeza de que, para além de um trabalho exaustivo e complexo, é também um trabalho enriquecedor do ponto de vista do autoconhecimento e assertividade, pois todas as reflexões e textos expostos fomentaram o crescimento profissional e pessoal do estudante, bem como o desenvolvimento da assertividade. Todos os documentos apresentados no âmbito deste Portefólio foram elaborados com base em “praxis clínica especializada em sólidos e válidos padrões de conhecimento” (REGULAMENTO 122/2011, p.8653), pois nos processos de tomada de decisão e nas intervenções em padrões de conhecimento (científico, ético, estético, pessoal e de contexto sociopolítico) válidos, atuais e pertinentes, assumimo-nos como facilitadores nos processos de aprendizagem e agentes ativos no campo da investigação.

Debrucemo-nos, então, pelas unidades de competência que compõem as Competências do Domínio das Aprendizagens Profissionais.

D1.1 – Detém uma elevada consciência de si enquanto pessoa e enfermeiro. Para avaliar unidade de competência, tínhamos de desenvolver autoconhecimento facilitador de identificação de fatores que pudessem interferir no relacionamento com a pessoa cliente ou a equipa multidisciplinar. Deveríamos (saber) gerir as nossas idiossincrasias na construção dos processos de ajuda, reconhecer os nossos próprios recursos e limites pessoais e profissionais e tomar consciência inevitável da influência pessoal na relação profissional, gerindo-a o melhor possível. REALIZADO NESTE PORTEFÓLIO.

D1.2 – Gera respostas, de elevada adaptabilidade individual e organizacional. Para elaborar este Portefólio, era urgente o desenvolvimento da congruência entre a auto e a heteroavaliação. Ao assumir o Estatuto de Trabalhador-Estudante, consentimos dedicar uma parte de nós, e das nossas próprias famílias (já que as privamos da nossa companhia, em troca de horas infindáveis de desenvolvimento de competências), ao objetivo de concluir com êxito a formação avançada a que nos propusemos. Aprendemos com as nossas próprias dificuldades a gerir sentimentos e emoções, a atuar eficazmente sob pressão, a reconhecer e antecipar conflitos, respondendo de forma eficiente e capaz de resolver esses mesmos conflitos. Este Portefólio foi, sem dúvida, um projeto de aprendizagem em relação às questões da adaptabilidade individual e organizacional.

D2.1 - Responsabiliza-se por ser facilitador da aprendizagem, em contexto de trabalho, na área da especialidade. Esta unidade de competência refere-se à formação em contexto formal. Na elaboração deste Portefólio, preocupámo-nos em dar resposta não só a questões individuais, mas também, questões do grupo de trabalho profissional. Daí a realização de um Blog, para que o conhecimento compilado e as reflexões pudessem ser partilhadas com todos. É certo que não concebemos nem gerimos programas formativos formais, mas interessámo-nos em favorecer a aprendizagem, destreza nas intervenções e o desenvolvimento de habilidades e competências dos enfermeiros.

D2.2 – Suporta a prática clínica na investigação e no conhecimento, na área da especialidade. A escolha dos temas de debate e reflexão neste Portefólio tiveram como objetivo incorporar conhecimento no contexto da prática de cuidar, visando ganhos em saúde para o cliente/ família. Pelo que foram identificadas necessidades de investigação, por parte da estudante, as quais foram executadas. A pesquisa da prática baseada na evidência permitiu-nos interpretar, organizar e divulgar evidência que, por sua vez, contribuiu para o desenvolvimento da enfermagem na área de especialidade à qual nos dedicamos: enfermagem médico-cirúrgica.

D2.3 – Provê liderança na formulação e implementação de políticas, padrões e procedimentos para a prática especializada no ambiente de trabalho. A aquisição de uma base sólida de conhecimentos de enfermagem e outras disciplinas que contribuem para a prática especializada, é algo ao qual temos dedicado grande parte do nosso estudo. Conscientes de que estas bases sólidas não se absorvem somente nos livros, predispusemo-nos à realização de estágio curricular numa unidade que nos pareceu ser a mais adequada, no que concerne à aliança entre a teoria e a praxis, para o desenvolvimento de competências específicas da área de especialidade (enfermagem médico-cirúrgica). Posteriormente, procuramos demonstrar (também através deste Portefólio) conhecimentos especializados, seguros e competentes, que aprendemos a aplicar na prática. Assim, consideramos que rentabilizámos as oportunidades de aprendizagem e tomámos iniciativa na análise de situações clínicas, utilizando tecnologias de informação de e métodos de pesquisa adequados na produção deste trabalho académico.

É por tudo isto, que consideramos que este Portefólio ajudou-nos a consolidar (pelo menos) uma das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista prevista no Regulamento 122/2011: Competências do Domínio das Aprendizagens Profissionais.

Ainda assim, confirmámos a nossa convicção de que enquanto jovens enfermeiros e futuros enfermeiros com a especialidade em médico-cirúrgica, temos um longo caminho a percorrer. Todas as vivências que tivermos, contribuirão para o nosso crescimento enquanto profissionais. Neste caso, enquanto Enfermeiros Especialistas.

Tal como Benner (546546546) afirmou, sempre que mudamos de contexto, voltamos à posição de inciado. Ainda que, no serviço onde estávamos no dia antes, fossemos peritos. A nosso ver, é aqui que reside a magia da enfermagem: evolução constante, não só na disciplina, como nos profissionais que a integram.  

Posto isto, consideramos que a elaboração deste Portefólio foi uma mais-valia no nosso percurso académico para a aquisição de competências. O timing para a sua execução pode não ter sido o mais adequado (lembro que todos os elementos da turma do 2º Mestrado em Enfermagem Médico-Cirúrgica, são Trabalhadores e Estudantes), contudo a sua pertinência é irrevogável.

Esperamos que seja tão agradável navegar por este Blog quanto foi criá-lo.

         Muito obrigado!

 
Cordialmente,

JC
 

Referências Bibliográficas:

BENNER, Patrícia - De Iniciado a Perito. Coimbra: Quarteto Editora, 2001. ISBN972-8535-97-x.

ORDEM DOS ENFERMEIROS – Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Pessoa em Situação Crónica e Paliativa - Aprovado por unanimidade da Assembleia Geral Extraordinária da OE, a 22 de outubro de 2011.

REGULAMENTO N.º 122/2011 – Regulamento das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista – D. R. 2ª série. N.º35 (18 de Fevereiro de 2011), p. 8648-8653.

REGULAMENTO N.º 124/2011 - Regulamento das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem em Pessoa em Situação Crítica – D.R. 2ª série, N.º 35 (18 de Fevereiro de 2011), p. 8656-8657.

 

 

 

 

 

 




 

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